segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vícios

Vícios são no mínimo interessantes. Há os que adquirimos sem perceber, e até demoramos a notá-los, e os que adquirimos por querer. Há os inofensíveis, como querer sempre escovar os dentes antes de dormir(que nesse caso seria até saudável) e os danosos, como fumar(não preciso acrescentar nada).

Há princípio achei que os que adquirimos sem perceber fossem mais interessantes, mas depois conclui que a idéia de querer adquirir um vício é muito mais absurda. O que leva alguém a querer se viciar? Acho que o principal fator é porque a idéia de vício não é explícita. Ele vem aos poucos. Primeiro se experimenta e se gosta, aí a ação vai aumentando compulsivamente, ou se repetindo e quando se percebe já se está comendo uma caixa de chocolates, ou fumando um maço, ou dando um shot por dia, até mesmo não se dorme porque os dentes estão sujos.

- Mas ei, como eu ia saber, comi só um bombom/fumei só um cigarro/bebi só um gole/escovei os dentes só uma vez(ok, essa foi só pra dar graça).

Acho que é da essência do ser humano querer repetir ao máximo o que se gosta. Contudo encontro outro problema: as drogas. Sabe-se que são extremamente prejudiciais ao organismo humano, umas mais outras menos, e as pessoas mesmo assim as consomem até se viciarem. Sei que os motivos de se entrar nesse mundo são muitos, mas pegando apenas o grupo que entra nessa pra se divertir, o que se passa em suas cabeças?

- Meeeeeeeeeeeu, eu sei que faz mal, mas num vai dar nada pra mim, qualquer coisa eu paro, eu nunca vou me viciar! (isso amigo, você é imortal...)
- Meeeeeeeeeeeu, eu sei que faz mal, mas tá todo mundo usando!
- Meeeeeeeeeeeu (cri cri)...

Isso ocorre principalmente entre os jovens, que normalmente pensam em algumas dessas coisas antes de entrar nas drogas. O grande problema é a educação. Pegue seu filho um fim de semana e leve-o a uma clínica de reabilitação, peça pra que os internados lhes contem suas histórias, é necessário se chocar, porque todos sabemos que esse sentimento de imortal que o jovem tem é muito forte e não se abate facilmente.

Mas voltando ao assunto dos vícios, os supostos inofensíveis, é engraçado como não os notamos, como sistematizamos o começo de nosso dia, que é a parte mais programável dele mesmo, e fazemos sempre todas as mesmas coisas da mesma maneira e nos acostumamos a viver desse jeito, sem ao menos escolher. Por que fazemos isso? Praticidade? Diminuir o número de escolhas ao longo do dia? Essa última me parece mais plausível. Nos automatizamos com vícios ao longo do tempo pra simplificar a vida, diminuir o número de escolhas, podem pensar no trabalho antes mesmo de chegar nele. Arranjar mais tempo, talvez o bem mais precioso do homem da cidade(por mais clichê que possa ser). Tirar o tempo de ações previsíveis pra pensar no máximo de possibilidades das imprevisíveis, pra saber o que faremos e automatizar ainda mais o dia.

Será que nossa vida se resumiu a um monte de pensamentos atrás da nossa própria automatização, pra depois(quem sabe quando?) descansarmos?

Espero que não...

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