segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O mito da imortalidade

Não, esta não é mais uma estória sobre homens que buscavam a imortalidade e para tanto foram atrás de poços da juventude, sangue de unicórnio, chifres de rinocerontes albinos... É na verdade exatamente o contrário. É sobre pessoas que acham que já possuem a imortalidade, que o tempo passa para todos menos para elas. Chega, vamos dar nome aos bois: a história é sobre os jovens (OK existem pessoas não tão jovens que também têm esse complexo de imortalidade). Em sua maioria não percebem que haverá um futuro em que elas serão diferentes fisicamente, pra não dizer frágeis, e quanto mais droga usam agora... Bem, esse é só um aspecto desse fenômeno que é a inconsequência da mente do adolescente, mas isso é muito chato de se falar, principalmente porque é um lugar comum, todo mundo já ouviu essa merda de papo. Por isso não vou falar disso não. Vou falar sobre uma epifania que eu tive ligada a isso recentemente.

Você já percebeu que está envelhecendo? É, olhe no espelho. Porra! antes nem isso você conseguia fazer, tinha que dar pulos e ficar na ponta dos pés pra ver seu próprio rosto (a não ser que você seja anão e ainda tenha que dar pulinhos), mas o ponto aqui é que mesmo você tendo percebido ou não que envelheceu eu percebi o meu envelhecimento! Pode ser que essa revelação não seja tão chocante pra você, talvez por incapacidade do jornalista (é, agora sou jornalista) que vos fala, talvez porque você num tá nem aí pra minha crise existencial e só veio aqui porque adora deixar comentários do tipo "ai, tá muito grande então eu nem li tá? te adoro mtoooo*! Bjuxx***" (OK eu não recebo comentários desse tipo, mas mesmo assim odeio quem faz isso), talvez porque embora você perceba que isso é algo sério, acha normal que aconteça comigo "ai o pedro tem umas coisas tão de velho né?". Enfim chega de pensar em você e vamos pensar um pouco em mim! O fato é que depois de eu ter visto que o tempo passa pra mim também comecei a ficar meio amedrontado, percebi que um dia ia ter quarenta anos, sessenta, oitenta, cem, cento e cinquenta(é sou que nem o Michael Jackson, quero viver até os 150). Comecei a pensar bastante em como nossas referências mudam ao longo da vida. Quando se é criança só se quer ter 10 anos "aí eu vou poder andar no banco da frente!", aos 10 se quer ter 14 "aí eu vou ser o cara mais velho do ginásio! 8ª série rules! (9º ano é o caralho)", aos 14 se quer ter 18 "aí eu vou poder beber e dirigir!"(olha a miséria...). Hoje não acho que tem tal coisa de idade ideal. Eu curti muito todas as minhas idades, assisti a desenhos e brinquei com meus bonecos, lego e playmobil a infância inteira. Joguei muito video-game, Magic (The Gathering) e bola na minha adolescência. E agora eu como muito Chicohamburguer, vejo filme, conheço cocotinhas. Mas a principal marca da minha vida foi o riso. Sempre gostei muito de rir e fazer rir. Tanto que hoje já percebo marcas de riso em meu rosto(é sério) e pra mim são provas de uma vida feliz.

Ainda outro aspecto que me veio à cabeça com essa revelação foi a questão do saudosismo. Dá saudades, mas eu felizmente percebo que aproveitei ao máximo tudo aquilo de que gostava. Acho que a sensação de saudades que leva ao sentimento falso de que não se aproveitou tudo. Talvez confundamos o sentimento de que tudo acabou com o de que não se viveu tal fase da vida.

Um último pensamento que me rodeia a cabeça é que essa percepção do envelhecimento me abriu os olhos para a pequena extensão que tem a vida. Eu tenho várias coisas que quero mudar em mim e fico pensando "tenho uma vida inteira para mudar" e dessa maneira faz 18 anos que tenho uma vida inteira pra mudar e não mudo. Na verdade esse era o ponto em que queria chegar: PERCEBA que ter uma vida inteira pra mudar não é nada, você tem o AGORA para mudar e nada mais. Eu sei que eu percebi, e isso já é um começo.

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