quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Férias?!

Verão, ainda tem um bom caminho até o natal. Tudo bem, porque agora eu pego meu décimo terceiro e... gasto tudo na porra dos presentes praquelas tias que quando num tão falando que eu deveria arranjar um trabalho de verdade, que nem meu primo que já é Doutor, tão falando do Roberto Carlos. Mas tudo bem, já, já tem férias. Passa o Natal. Fico que nem louco procurando as lojinhas de onde eu ganhei aquelas cuecas, que pra variar eram cor de vinho e não serviam. Tudo bem, o combinado era R$70 e as cuecas tavam no desconto 5 por R$30. Pelo menos eu cumpri o valor e provavelmente a tia vai gostar do box do Roberto Carlos. Pelo menos não foi que nem no amigo secreto da empresa. Tirar a chefe é ser obrigado a insultar seu superior. Porque se fosse homem eu dava alguma coisa do Corinthians pra ele, ou mesmo uma gravata ou uma caneta. Mas mulher não. Se der caneta ou perfume não se dedicou pra escolher o presente. Se der lingerie, tá com segundas intenções. Se der roupa normal e ficar curta tá insinuando que ela tem que emagrecer; se ficar larga fica implícito o "nossa pensei que você fosse mais 'cheinha'". Resolvi exceder o limite e dar um óculos de sol da Gucci. Só depois foram me dizer que isso também pegava mal, mas com os outros funcionários, seu puxa-saco.
Mas tudo bem, porque daqui a pouco tem férias e todo mundo esquece isso. Além de a Rita não ficar me ligando pedindo o relatório, o Armando, aquele otário, não ficar falando de quantas mulheres ele acha que já comeu nessa semana, não ter mais que ficar em frente ao computador trabalhando, e, principalmente, eu não vou mais ficar horas no trânsito pra ir trabalhar. Não. Esses trinta dias serão meus!
As férias vão ser do caralho! A Cá vai ficar me ligando pra saber porque num liguei pra ela, meus amigos, e não aquele otário do Armando, vão ficar falando de quantas mulheres eu deixei de comer porque tava trabalhando, finalmente vou levantar da cadeira em frente ao computador do escritório, e sentar na do meu computador, e principalmente vou à praia! Não sem antes ficar horas no trânsito.
Mas até que o trânsito na estrada é bem legal. Sempre tem uns tipos. É olhar pro lado e ver aquele carro fora da lei. Cinco crianças na parte de trás sem cinto, mais duas com a mulher no banco do passageiro, fora os travesseiros sobre o porta-malas, que acabam com a função do retrovisor. Às vezes esses carros vem com o bônus: fumaça preto saindo do escapamento. Também tem os caras "carpe diem", sabe como é né? Você não precisa nem tá do lado pra saber que esses porras tão na estrada. É só começar a ouvir. Tá ouvindo? Segue esse som que ele vai dar direto naquela Tucson. É, aquela mesma que tem moleque saindo pela janela e gritando, sem camisa, claro. Essa daí também tem o bônus: o papai solteiro que é amigo dos brothers do filhão. Chega a ser tosco passar do lado desse carro e ver o tiozão querendo ser que nem os moleques, que, assim que tiverem carta, já não vão mais pedir pra ele ir na viajem. Tem também o carro das gatinhas. Esse aí eu não vou criticar, porque desse eu gosto.
Chegando na praia, aí sim: cinco dias de hot dog, miojo e açaí. Primeiro dia sempre tem o cabaço que é mais branco que o leite e não passa protetor. Pra ele vai ser só um dia de praia mesmo, porque nos outros ele vai ficar jogando PES no playstation. E a galera vai se dissolvendo, um porque vai ver uma amiga numa praia que é logo ali, outro porque comeu, de novo, camarão estragado na praia, e acaba que já no quinto dia tá todo mundo no apartamento jogando playstation. Fora quando não tem o bônus(esse maldito bônus) de acabar a água. Aí é que fica bom mesmo ir pra praia, afinal quem não gosta de areia na genitália?
Mas tudo bem. Chegando em São Paulo continua tendo férias, sem queimadura, sem infecção alimentar, sem furada do tipo "é uma praia logo ali", e sem areia "lá". Nos primeiros dias fico louco. Dou qualquer tipo de rolê, desde que tenha álcool. Aí começa a temporada de churrascos. No primeiro tem picanha maturada, no segundo tem picanha, um pouco dura, no terceiro "Picanha? Cê tá louco? Vamo bebe!". Tudo bem, porque ainda tem o cineminha, nossa tanto tempo que eu não vou no cinema. Chega lá tem que pagar ingresso e pipoca pra dois. Entro de bermuda e no meio do filme já não aguento mais de frio. Mas tudo bem, porque ainda tem os filmes que eu ainda não vi e que eu vou ter que alugar. Ah quer saber? "Mas tudo bem" é o caralho! Vou voltar pro escritório.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Remember the days of the old schoolyard?

Essa música do Cat Stevens (hoje Yusuf Islam) me fez lembrar da minha época de criança no colégio. Não havia nada demais, na verdade não consigo me lembrar de algo que tenha me alegrado muito no primário, ou mesmo no Jardim de Infância, mas se tem uma coisa que eu lembro e que eu não gostava era a aula de artes! Pra mim era uma frustração atrás da outra.

Eu lembro das aulas de dobradura com os papeis da Yopa (hoje sorvetes Nestlé), em que o pessoal demorava, mas fazia sempre um pássaro, uma baleia, uma tulipa, um tsuru, enquanto eu teimava e tentava até conseguir fazer o meu: uma pedra. Por fim eu acabei me especializando em fazer pedras de papel e comecei a agredir os coleguinhas com elas, mas isso não vem ao caso. Tinha também as aulas de desenho livre, você podia usar o que quisesse: a técnica do pontilhado, contorno com canetinha, giz de cera, etc. Eu na verdade queria era conseguir fazer alguma coisa diferente do boneco de palitinhos, ou da boneca de palitinhos (igual ao boneco, só que com cabelo). Mas o pior da aula de artes, que ainda me dá pesadelos e me dá aversão a esse tipo de atividade, foi quando tivemos que fazer um mosaico. Pra quem não sabe do que eu to falando o mosaico que eu fiz era o seguinte: corte um monte de papel picado até ele ficar ridiculamente pequeno, depois faça um desenho em um pedaço de papel, então cole com cola branca os papeis no desenho para ficar bem bonito! O problema era a parte de colar. Eu sujava todos os meus dedos de cola e não conseguia colar o maldito papelzinho na folha, ele simplesmente não saia do meu dedo. Depois de muito tempo tentando eu finalmente conseguia, aí só faltavam mais 100 papeiszinhos pra eu colar, isso quando eu não fazia a proeza de colar um no papel e colar acidentalmente um, ou mais, que tava na folha na minha mão, tendo que fazer tudo de novo.

Tinha também a hora da humilhação. Era a hora em que iam expor no corredores do colégio as nossas "obras". Pra mim era sempre uma merda. Ou eles decidiam por só as melhores na parede, ou seja, eu ficava com a minha pra enfiar no cu, porque o meu nunca ficava entre os melhores, ou então eles resolviam por todas na parede, aí era pior ainda: "Nossa olha o do Eduardo como tá bonito!", "Nossa e esse aqui do Ricardo então", "Nossa Pedro o seu ficou uma bosta hein?"

A aula de artes acabou com qualquer chance deu virar um artista plástico.