sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Minando o sexo livre

No embalo de cultura e contra-cultura nas aulas de História Geral comecei a pensar na diferente relação dos jovens com o sexo nos anos 60 e agora. Se naquela época a liberdade pra transar com quem quisesse era uma novidade, devido, entre outras coisas, à invenção da pílula anticoncepcional, hoje já é algo comum. As consequências disso para nossa geração são normalmente vistas como algo bom. "Nossa você pode comer alguém diferente a cada semana, às vezes dois alguéns, dependendo da sua lábia", acho que o grande problema dessa fala é o "pode". Hoje em dia se confunde a liberdade pra se transar com quem quiser com a obrigatoriedade de se transar com quantos mais puder e o jovem perdeu sua escolha. Se antes a pressão com as meninas era pra que se segurassem hoje em dia a última que for virgem tem que aturar fama de santinha. Com os homens sempre houve a pressão de ter que ser o fodedor, o metelão, mas acho que isso foi potencializado, é obrigatório colocar o pinto em qualquer buraco que se mexa, ou que aguente o movimento de vai-e-vem. Será que não estamos acabando com uma das nossas conquistas mais valiosas? É muito bom sair fazendo sexo com pessoas diferentes, adquirir experiência, ter muitas histórias pra se contar, mas quando se tem realmente vontade de fazer isso, se não a pessoa só se força a fazer algo que, se for feito sob pressão ou sem vontade, não é legal. Será que nós jovens com essa onda de fazer sexo com todo mundo não estamos sendo muito conservadores e mente fechada?

Será que eles são?

Seus valores são beleza, força, unidade, ostentação e agressão aos diferentes. Se identificam com com sinais e dizeres próprios. Possuem seu uniforme e se orgulham muito disso. Poderia-se estar falando dos nazi-fascistas, mas na verdade é sobre as exatas do anglo vestibulares. Forçado? Nem tanto...
Fui assistir ao filme "A Onda" e a ideia de que o fascismo talvez esteja ainda na nossa sociedade e possa explodir a qualquer momento ficou em minha cabeça. Foi quando a sala 1 resolveu fazer a sua própria camiseta, um uniforme que, coincidentemente, é preto. Isso me chamou muito a atenção e eu comecei a reparar nas outras atitudes que são características das exatas. São extremamente unidos(são os que mais reúnem torcida durante o interclasses), tem os "dizeres"-desculpem pelo "dizeres", não achei termo melhor- "Só macho e gostosa", evidência de que valorizam a força e a beleza físicas, em detrimento de qualquer outro atributo. Desvalorizam os diferentes, nesse caso as humanas, com um sentimento orgulhoso de opressor, dizendo "só viado" e achando que são bem melhores que "as mocinhas" das salas 2, 17, 21 e 23. Antes que digam que isso é forçação de barra de um "humaninhas" que tem inveja, digo que eu fiquei com uma puta vontade de ser das exatas e foi aí que eu percebi um dos aspectos mais significativos do fascismo bem na minha frente: a empolgação. O movimento fascista é uma corrente que chama atenção, é bonito, é legal, dá vontade de participar, de se sentir parte do grupo, de chamar o pessoal da sala 2 de viado e de usar a camiseta que é só pra macho e gostosa. É algo totalmente impensado você simplesmente quer ser que nem eles, porque eles que são legais! É impressionante. Reparem um pouco nesses aspectos das exatas, assistam a "A Onda" e me digam se eu to viajando demais.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Parabéns, Olimpíadas, Enem e Zelaya

O blog hoje faz um mês. Tô feliz com ele, nesse tempo já teve mais de 77 pessoas diferentes acessando e um post bombando com 9 comentários! Vamos ver se eu consigo fazer jus a essa fama recente. Aliás, eu sei que num tô conseguindo, mas tá chegando a hora da onça beber água e as coisas tão ficando tensas aqui. Mesmo assim vou ver se eu escrevo mais aqui e continuem me cobrando!

Eu não era um entusiasta das Olimpíadas no Rio, e continuo não sendo. Depois de ouvir a opinião de muita gente tenho minhas considerações. Alguns disseram que se o Brasil fosse esperar não ter mais problemas de maior importância para fazer as Olimpíadas, nunca a faríamos. Ora, isso é uma consequência de políticas incompetentes e mal dirigidas pra educação e saúde públicas! Se o Brasil fosse um país sério, parafraseando de Gaulle, erradicaríamos tais problemas com o passar do tempo e, aí sim, receberíamos esse evento de tanto prestígio sem remorso. É verdade que as Olimpíadas trazem desenvolvimento ao local onde são realizadas, por exemplo a Vila Olímpica, que vira habitação popular ao término do evento, e a infraestrutura que fica nos esportes pros cidadãos. Contudo, temos o Pan 2007 como legado um tanto quanto falho, uma vez que a passagem das casas pros populares enfrenta problemas burocráticos até hoje, o Engenhão foi arrendado por um preço ridículo ao Botafogo para não ficar em desuso e o orçamento continuou a crescer vorazmente até o final do evento, sendo que até hoje o Tribunal de Contas da União não resolveu essa situação. Esses eram os motivos que me levavam a não querer as Olimpíadas no meu país. Mas nosso Pan não foi o suficiente pra evitar que elas viessem pra cá. Então o que sobrou pra mim e pra vocês é fiscalizar esse evento o máximo que pudermos, mostrar que somos receptivos e torcer muito: pra que nosso país realmente adote uma política esportiva séria, para que o superfaturamento seja mínimo e para que ganhemos algumas medalhas também!

Outro assunto que tá bombando é o cancelamento do Enem. Acho que isso é reflexo da importância que o governo dá pra educação, mas não só na esfera federal, afinal a educação do tão poderoso, rico e arrogante estado de São Paulo não está entre as melhores do Brasil há um tempo. Contudo não dá pra crucificarmos o governo e dizer que aquilo tudo é uma palhaçada, é verdade que ainda tá muito ruim, mas parece que eles realmente querem mudar. Estão procurando melhorar, em alguns poucos aspectos, mas estão.

Já o hondurenho mais brasileiro do mundo continua em nossa embaixada, pressionando o governo provisório. A Veja acusa o Brasil de imperialismo "megalonanico", acho que ela só tá querendo meter uma mala e ser arrogante. O Brasil concedeu asilo político a um refugiado, como é dever de toda nação que se diga democrática. Só que nosso país cagou em permitir as transmissões de mensagens incitando a revolta da população hondurenha de dentro da nossa embaixada, perdendo a tradicional neutralidade brasileira. Mas parece que, de tanto que eu demorei pra falar sobre isso aqui, o conflito está quase sendo resolvido, tendo apenas a questão da restituição de Zelaya sem um consenso. O presidente deposto forçou a barra querendo mudar a constituição para poder se reeleger, mas na medida em que o referendo ratificasse essa decisão de uma maneira justa(ou seja, com voto secreto), no meu entender essa ação seria perfeitamente democrática. O que não é democrático é depor um presidente eleito legalmente e legitimamente.

sábado, 26 de setembro de 2009

Avidez por uma visão política

É engraçado como as pessoas em geral são ávidas por uma visão política. Percebi isso no segundo colegial, quando um cara da minha sala me perguntou o que eu achava do governo Lula. Disse a ele que eu não tinha argumento pra dizer se era favorável ou contrário à política do presidente. Mesmo assim me perguntou "mas o que você acha?" e eu disse de novo que não tinha capacidade de avaliar. Acho que ele não tava interessado em discutir e pensar sobre política, queria era incorporar uma visão pronta, daquelas que se carrega no bolso e se diz pros outros em rodinhas, pra mostrar que tem visão de mundo (ainda faço muito isso). O fato é que eu comecei a pensar no porquê dele ter vindo me procurar. Talvez porque eu sou o "arquétipo do nerd" e por isso eu deveria ter uma visão política bem avaliada. Sempre gostei de instigar os outros. Por exemplo em rodinhas nas quais se fala mal do Lula, perguntavam-me o que eu achava dele e eu dizia que não o achava tão ruim, era o fim do mundo pra muitos. Mas o irônico é que quem demonstra não pensar como a maioria acaba sendo procurado quando se quer uma posição mais séria (não que eu me inclua nesse ponto, não tenho visões bem pensadas sobre qualquer assunto, exceto sobre pena de morte).
Voltando à questão da avidez, eu também tenho esse problema, quero ouvir alguém expor sua visão de um modo claro e bem argumentado. Mas tenho preguiça, ou outras prioridades. É vergonhoso. É tão mais fácil incorporar visões, e não criar as suas. Isso na verdade é um grande perigo, tanta gente querendo absorver visões sem pensar, pode dar em merda. Ou pior pode dar em fascismo. Um filme bom sobre isso é "A Onda" que mostra como a população "estudada" não está preparada pra pensar por ela mesma, principalmente a jovem, que quer mais é agir.
Tá na hora de ler jornal.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nessa onda de Nacionalismo...

Esse texto era pra ser uma resposta ao comentário do Seu Zé Nando, mas como eu achei que ficou bom pra abrir outra discussão preferi postar.

Seu Zé Nando disse...

Peraí, você está me dizendo que se orgulha de Canudos, em um pedaço do texto, ou finalmente eu fiquei ruim de interpretação de texto?
Por favor, leia Os Sertões. Canudos é um dos meus diversos motivos de morrer de vergonha de ter nascido nessa republiqueta de banana que é o Brasil.

Bom Nando eu acho que você ainda está sano e interpreta bem textos. Mas o motivo de meu orgulho eu não disse.

"Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados." (Trecho de "Os Sertões")

Isso é o que me vem à cabeça quando penso em Canudos. Um povo que não se rendeu, que preferia lutar por sua comunidade a voltar à semi-servidão, ao banditismo, ao mundo do sertão. Não julgo se eles estavam certos ou errados. O que me passa essa população é o ideal de luta, luta pelo que se acredita, um ideal fraco no Brasil hoje.
Basta ver o Sarney de volta ao Senado. Basta ver todo mundo, inclusive eu, falando "isso é uma palhaçada!" e depois voltar pra sua vida. Eu, por exemplo pensei em ir em uma passeata contra ele, mas era de sábado à tarde e tinha "Curso de Obras" no Anglo. Claro que eu poderia ter faltado no curso, mas minhas prioridades agora são outras. Talvez elas sempre sejam outras. Talvez até o povo de Canudos tenha lutado porque se via encurralado, não tinha outra coisa pra priorizar.
Não. Eles ainda teriam suas vidas, contudo escolheram a morte. Talvez a gente se mobilize mesmo contra a corrupção quando a situação se tornar insuportável, a ponto de não ter como eu priorizar o "Curso de Obras", este sendo para mim metonímea do vestibular, ou você priorizar qualquer outra atividade de sua vida. Até lá eu canto aqui e vocês participam do coral, se quiserem.

domingo, 13 de setembro de 2009

O que me faz brasileiro?

Quando eu era criança eu costumava pensar: "se o sudeste e o sul são as mais ricas regiões do Brasil, por que elas não se separam? Aí a gente vai ter um país muito rico sem regiões pobres!" Acho que eu disse isso pro meu pai. Não me lembro qual foi sua resposta. Mas a ideia era de que o separatismo não era uma coisa boa. Era uma coisa meio infantil mesmo, pensar que o sudeste e o sul são ricos e o resto é pobre. Que aqui é o Brasil bom e ético e lá o Brasil ruim e corrupto. Não sei se vocês sabem, mas o Vale do Ribeira é uma das regiões mais pobres do país, e fica no estado de São Paulo.

O motivo deu ter trazido esse assunto é ter visto no orkut muitas comunidades separatistas e divulgadoras de uma suposta "nação paulista". Tinha até gente dizendo que os paulistas eram escravizados pelo resto do Brasil(?). Então eu comecei a pensar no que porquê deu não concordar com os separatistas. Porque eu sou um brasileiro e não um paulista? Ou paulistano, uma vez que quase não vou ao interior. O que me faz identificar com o resto do país? Talvez a grande diferença social que temos mesmo aqui no município. Talvez a corrupção, já que os escândalos não se limitam à esfera federal, como o caso dos trens da Alstom e o Governo do Estado de São Paulo.

Na verdade eu não sei. Acho que a minha identificação com o país começou com a Copa de 94, quando todo mundo na casa da minha tia tava comemorando e eu vi minha mãe chorando e dizendo que o Brasil era tetra (hoje em dia, como muitos, ela não suporta a seleção brasileira). Depois vieram as Olimpíadas. Nossa, era muito legal ver aquelas pessoas representando todo um país. O meu país. O Brasil, país do futuro (ou melhor, país do dia de São Nunca). Mas de onde vinha esse país? Na escola me disseram que uns portugueses descobriram tudo isso aqui quando se perderam, tavam indo pra Índia(depois vem cara me dizer que português não é burro). Começou a colonização e os portugueses começaram a explorar as pessoas daqui. Tanto que um dia elas quiseram se separar, e conseguiram! Surgiu o Brasil, o país que se livrou dos portugueses. O país do meu povo! Um povo bravo, que lutou pela justiça e pela sua liberdade!

Nascia aí o meu nacionalismo e o meu idealismo. Eu devia tá no ginásio quando comecei a ter orgulho do Brasil e raiva dos portugueses. Pensava que eles eram todos uns filhos da puta que não souberam nem explorar meu país direito, tanto que hoje em dia foram superados pela colônia. Não penso mais assim. Não tenho nada contra portugueses, mas a questão aqui não é minha possível xenofobia. Com essa minha nova consciência de país passei a achar tudo daqui lindo, até que descobri a política. Aí eu comecei a achar que o Brasil era bom, o problema era o povo! Atingi o pico do meu nacionalismo e comecei a achar que todos os brasileiros eram imbecis e estavam estragando minha linda e perfeita nação. Fiquei com isso na cabeça um bom tempo, até que me veio à cabeça a coisa mais óbvia: sou brasileiro também! Não dava pra ficar falando mal do povo de que eu faço parte. Ou melhor, não dava pra ficar falando mal dele sem tentar mudar, seria hipocrisia. Decidi que ia mudar meu país, mudar as pessoas, decidi que ia ser jornalista. Atingi o pico do meu idealismo.

Hoje já percebi que é estúpido querer mudar as pessoas, tomei muitas "patadas" tentando ensinar o "certo" às pessoas à minha volta. Essa tentativa falhou, ao meu ver, por dois motivos: o "certo" é um conceito furado, não existe isso; não dá pra mudar quem não quer ser mudado. Aceitei que o mundo é assim, mas não desisti de mudar eu mesmo, sozinho, seria a mudança que queria ver no Brasil e, por que não, no mundo (parafraseando Gandhi). Tento ser o melhor brasileiro possível, tento ser o exemplo, não ser hipócrita, tento ser confiável, tento fazer a melhor escolha possível para meu país quando voto.

Considero-me brasileiro porque tenho um passado em comum com quem vive aqui, o Estado brasileiro e a história que aconteceu aqui nesse território determinaram toda esta zorra instalada onde moro. É verdade que a história de minha família remonta à Itália, mas a minha começa aqui, junto com a de muitos. Lembro que no "Porf Musical" desse ano (pra quem não sabe essa é a balada do Anglo) um dos professores que tava cantando falou "É você que vai cuidar do Brasil". Eu tava andando bêbado pela festa e simplesmente parei e fiquei um tempo estático. "Sou eu quem vai cuidar daqui, quanta responsabilidade! Eu TENHO que fazer o melhor trabalho possível". Eu vou fazer a história desse país junto com você, muito provavelmente.

Sou brasileiro porque me sinto parte da história desse país, e não só da história de uma Unidade Federativa. E que bom que sou brasileiro e posso dizer com muito orgulho que venho do país do futebol, do samba, da caipirinha, de Machado de Assis, de Chico Buarque, de Antônio Carlos Jobim, de Vinicius de Moraes, de Villa-Lobos, de Chiquinha Gonzaga, de Legião Urbana, de Engenheiros do Hawaii, de Chico Mendes, de Zumbi, dos 18 do Forte, de Canudos, da Amazônia, do Pré-Sal, do Etanol, da USP, de Itaipu, dos Lençóis Maranhenses, das Chapadas, dos Pampas, da miscigenação, de um povo que tem mais anti-herois do que herois. E ainda bem que tenho aqui também, bem próximos de mim, a corrupção, a pobreza, o egoísmo, o padrinhesco, o coronelismo, o superfaturamento, as favelas, e Paulo Maluf, pra me mostrarem como não ser e como não agir, me mostrarem que há muito a ser feito aqui, que nesse país tenho muitas possibilidades de crítica e de melhora.

E que merda seria se eu morasse em um país nórdico!

Vai Brasil!

PS - A oportunidade de fazer do seu país o melhor possível só acontece uma vez na vida.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Bem-Vindos ao galinheiro

É complicado viver aqui. Isso porque logo a primeira coisa que você tem que fazer é sair do ovo, que precisa ser quebrado e além disso ser difícil, dá medo. Conheço pessoas que até hoje não saíram, mas acham que sabem tudo sobre o mundo fora dele. Conheço os que morrem de vontade de voltar pra dentro dele. E conheço os que não suportam ficar nesse enclaustro.
Depois que você sai tem que começar a aprender a enxergar, a luz é intensa e vem de todos os lados. É complicado e demora tempo até você poder ter uma boa visão daqui. Na verdade o estado de nitidez máxima nunca foi atingido, isso porque quanto mais velho se fica melhor se enxerga, mas um dia só ficam nossas penas pra dizer sobre o que vimos. Às vezes nem isso...
Mas, sobretudo, a vida é boa aqui. Não que eu conheça a de outros lugares. Ou nunca tenha pensado que estamos andando sobre um monte de titica de galinha. Na verdade a vida tem potencial pra ser boa aqui, basta sair do seu ovo, e não ficar no puleiro como a grande maioria.

Prostituição

A modernização da sociedade brasileira tem muito a ver com o início da urbanização, o fim da república e a ascensão da indústria em nossa economia, ou seja por volta de 1920, 1930. Falei isso por dois motivos: fazer jus à falta de textos daqui, mostrando que tenho estudado pelo menos história do Brasil; mostrar há quanto tempo que nossa sociedade vem se modernizando.

Nesses quase 90 anos muito aconteceu: mulheres começaram a trabalhar, ganhar seu dinheiro, casar com quem queriam, ou não casar, morarem sozinhas, dar pra quem quisessem, etc (embora nesse último item ainda haja muito preconceito, tanto por parte deles quanto por delas, sendo que suspeito que estas sejam até mais que aqueles). Com essa liberdade de se relacionar, de transar sem engravidar (tomadas as devidas precauções), muito mudou por aqui. Contudo alguns impasses ainda se encontram nessa transição 1920/30-2000/10, sendo que um deles é biológico: homens não engravidam, mulheres sim. Ou seja, quem tem que tomar mais cuidado é ela, uma vez que hoje não se é necessário saber o nome pra transar, muito menos saber se vai assumir um filho, ou o telefone pra contato em caso de gravidez. O outro é da mentalidade da sociedade, com as diferenças entre os sexos diminuindo quem deve pagar a conta?

A mulher hoje ganha seu dinheiro, mora sozinha, sai com quem quer, quando quer e onde quiser, mas isso porque muitas antes das de hoje aceitaram serem taxadas de putas, de "fáceis", de perdidas, para fazer o que queriam com seu corpo e experimentar o que há por aí . Mas parece que as mulheres do século XXI se esqueceram disso e acham que conseguem todo esse poder por causa de seu corpo, não por serem iguais aos homens. Nessa onda de poder da mulher, de o sexo frágil ser o masculino, de manipulação da xana sobre o homem, as mulheres se perderam e acabaram se tornando um produto. É um favor você homem sair com esse belíssimo produto, que custou muito caro pra ser produzido, sabia? Não sei quantos reais de depilação, mais outros tantos de tratamento com o cabelo, mais o caralho a quatro de maquiagem, isso pra falar dos gastos na linha de produção que eu conheço, deve haver muitos outros procedimentos que eu desconheço. Além disso, ainda há os manufaturados que vêm sem itens de série e tem que pagar pelo opcional(se não ficou claro eu to falando de cirurgia plástica). Por isso você deve pagar caro pra ter só a presença dessa bela peça na sua mesa. Desculpem meninas, mas o dia em que eu sair com uma mulher pra consumi-la eu vou na Augusta e não num restaurante, onde eu pagaria por tudo sem ter garantia nem de degustação. Parece que a ideia de mostrar como o homem é igual à mulher ficou muito pequena pra você e na verdade ele está abaixo, por isso paga pela sua presença. Ou até que esse "favor" que vocês nos fazem se deve ao fato de vocês não se divertirem nos restaurantes, nos bares e nos motéis, tão lá simplesmente acompanhado, e sendo pagas para isso. Mais uma vez, prostituição.

Porra! Você não é objeto mulher! Para com essa ideia de que o cara tem que obrigatoriamente te pagar um monte de mimos! Presentes são ótimos, os que se podem compartilhar, como um jantar e um motel, melhores ainda. Mas pera aí! Eu não conheço muitas pessoas que dão presentes pra estranhos. Seja mais humilde e perceba que você é como nós, alguém tentando ter um pouco de diversão com outra pessoa, seja por uma noite ou por uma vida.

Saldos

Há algum tempo que percebo a existência no mundo de um certo equilíbrio, o saldo é sempre zero. Para que alguém ganhe mais dinheiro, alguém tem que perder. E isso não é só no nosso sistema econômico, antes que acusem o capitalismo. Os seres vivos para terem maior tempo de vida devem tirar a dos outros. Isso me deixa muito incomodado. Como assim? Em um universso de todas as possibilidades porque vim parar em um mundo em que para se viver deve se tirar a vida? Pelo menos esse é o exemplo que a natureza nos dá, exceto pelos autótrofos, que, por sua vez, não representam nem metade dos seres vivos. Talvez fossem eles as verdadeiras espécies superiores.

O ser humano copia quase tudo da natureza e, com isso, temos essa situação em que um ganha para que outro perca disseminada por toda a sociedade. Esportes, tempo, negociações, vestibular, relacionamentos em geral. Na verdade acredito que a única coisa do mundo que escapa a essa lista sejam os relacionamentos amorosos (não necessariamente entre amantes, mas os entre amigos e entre parentes também). Pensei no conhecimento como outra exceção. Mas hoje o conhecimento não é mais gratuito: se paga por TVs, computadores, internet, canais de notícia e jornais. O único conhecimento que nos é dado, e não comprado, é aquele movido por um sentimento de amor. Nos relacionamentos amorosos se compartilha muito o conhecimento e o amor por si só. Por mais clichê que possa parecer ( e eu costumo parecer clichê) o amor é a única saída desse mundo. Somente através dele se acumula sem ter que tirar do outro. Não sei se estou conseguindo explicar o poder disso tudo. O que estou dizendo é que nesse mundo nada se ganha sem que outro perca e que é só com o amor que conseguimos quebrar essa lei da natureza.

Resumo: S2 (Este resumo é da Gabi/Teefy Falsa)

"Mas, e quando vocês terminarem?"

Lembro que essa foi minha pergunta para uma amiga quando ela disse que o endereço de msn dela era algo do tipo "nomedelas2nomedele@hotmail.com". Ela fez uma cara do tipo "nem tinha pensado nisso" + "por-que-você-tá-falando-isso?-a-gente-nunca-vai-terminar" e falou "Ah num sei."

Além dessa história ser um dos tantos exemplos da minha INOCENTE delicadeza de elefante, ela me traz à mente o tema da procupação com o futuro e as consequências do presente. Sempre ouvi muito que era um cara que pensava demais. Sou o cara que fala "isso vai dar merda". Penso muito realmente, e com certeza acho que muitas coisas vão dar merda, mas a verdade é que na maioria das vezes a merda não ocorre e, se acontece, é menor do que eu esperava. Por isso comecei a mudar um pouco meu jeito de ser. Agora quando me aparece uma oportunidade eu penso "quando vou poder fazer isso de novo?", "será que isso vai dar uma boa história pra contar?" e "eu quero mesmo fazer isso?". As duas primeiras servem pra desbloquear a parte de 80 anos da minha mente e a terceira para eu não cair na empolgação e fazer algo que, na verdade, eu nem queria fazer. O incrível é que eu me sinto uma pessoa nova mesmo, aceitando as oportunidades de fazer algo novo que me aparecem. Provavelmente eu vou viver uns 85 pra mais. Não quero passar todo esse tempo tendo as mesmas experiências.

Mas, apesar dessa minha resolução de férias, preste atenção no que você tá fazendo. A garota ficou com o cara algum tempo(não lembro quanto) e depois terminou. Ela teve que readicionar todos os contatos de no mínimo um ano(com certeza eles namoraram mais do que isso). OK, não é nada de mais, mas deve encher o saco! Se ela amava o cara desse um cartão pra ele, deixe um testimonial. MAS NÃO CRIE UM MSN DESSE TIPO, é uma perda de tempo. Antes que você me ache um otário e que eu crio caso por coisas pequenas, lembro que essa história só serve pra ilustrar a discussão desse post e que eu sugiro que você adapte para sua vida. Ou não adapte e continue me achando um sem noção.

Obs- A verdade é que quando realmente se dá merda quase sempre se ganha uma boa história pra contar.

Aos que não entendem o porquê do jornalismo

Depois dessa decisão do Supremo tenho ouvido muita merda, pra ser bem claro. Pessoas que simplesmente não entendem os meus motivos de querer ser jornalista e gostam de tirar um sarro. Ou mesmo os que acham que é melhor pra mim que eu faça outra coisa, que eu querer fazer jornalismo é um desperdício ( a história do desperdício dizem ser brincadeira, mas sinto que alguns realmente acreditam nisso). Isso tem me incomodado um pouco ultimamente e tem-me feito duvidar se é mesmo jornalismo que eu quero.

Sim é jornalismo! Você já sentiu alguma vez na vida que estava destinado a algo grande? Já se sentiu com o poder de mostrar novas ideias às pessoas? Já sentiu que estava fazendo um bem ao outro ao falar com ele? Pois eu sinto isso. Sinto que posso mostrar a meus amigos e pessoas à minha volta que há melhores maneiras de se viver na sociedade. No começo acreditava que todos se sentiam assim, com desejo de fazer do mundo um lugar melhor pra sociedade como um todo, que todos se sentiam importantes na sociedade. Talvez seja o sonho de um moleque de classe média que não tem ideia do sofrimento que existe nesse mundo. Realmente eu não tenho noção do que é passar fome, ou necessidade, e não desejo tê-la. Mas mesmo assim não consigo evitar ficar puto quando vejo alguém à esquerda na escada rolante do metrô. Porra! Tem avisos por toda a parte! Custa você ficar à direita se não for andar? Ou então ver um fumantezinho exalando aquela fumacera em ambientes fechados e públicos. Com ou sem lei! Dá pra respeitar?

Muitos dizem faltar amor no mundo. Pra mim o que falta mesmo é respeito e vergonha na cara. Respeito que não deixa de ser o amor ao próximo (por mais clichê que seja dizer isso). Custa guardar o papel de bala no bolso em vez de jogá-lo na rua? Custa respeitar o espaço público? Não pixar na parede?

Eu percebi que, conforme envelhecia, as pessoas a minha volta paravam de se importar com essas atitudes. Paravam de se importar com o outro. "O outro que se foda, nem conheço ele mesmo". Foi quando me deparei com uma das comunidades mais estúpidas do orkut: "Minha educação depende da sua". Pera aí! Quer dizer que se o outro foi um otário você vai ser um otário também? "Não Pedro, eu vou ser mais otário e mal educado ainda! Comigo é assim não deixo barato não!". Isso animal. Todos temos dias ruins, em que somos grossos e estúpidos. Quantas vezes já não mudei de opinião sobre pessoas que conheci...

É quando eu vejo coisas desse tipo que eu sinto um tipo de dever em avisar os outros que talvez esse caminho não seja muito interessante pra todos nós e só torne a vida mais estressante. Acredito que seja um dos poucos que se sentem assim. Acredito por isso que o jornalismo é um caminho pra essa minha "vocação". Escrever sobre o que vejo. Sobre o que acontece. Sobre o que poderia ser feito. Por isso não é a falta de necessidade de um diploma que vai me desviar dessa trilha que por enquanto é a que escolhi pra minha vida. Nem a possibilidade de ir pra segunda fase de medicina. "Ah, mas você pode fazer isso sem 4 anos de estudo". Utilizando a comparação do juiz que fez a polêmica decisão, não é só porque você consegue fazer miojo que você é um cozinheiro.

Mas também quem sabe aonde a vida vai nos levar. Pode ser que eu saia da faculdade logo no primeiro ano. Pode ser que seja mesmo o jornalismo que vai me fazer feliz. Pode ser que o mundo acabe mesmo em 2012 (o que seria uma pena, afinal Brasil 2014 estaria a apenas 2 anos).

O mito da imortalidade

Não, esta não é mais uma estória sobre homens que buscavam a imortalidade e para tanto foram atrás de poços da juventude, sangue de unicórnio, chifres de rinocerontes albinos... É na verdade exatamente o contrário. É sobre pessoas que acham que já possuem a imortalidade, que o tempo passa para todos menos para elas. Chega, vamos dar nome aos bois: a história é sobre os jovens (OK existem pessoas não tão jovens que também têm esse complexo de imortalidade). Em sua maioria não percebem que haverá um futuro em que elas serão diferentes fisicamente, pra não dizer frágeis, e quanto mais droga usam agora... Bem, esse é só um aspecto desse fenômeno que é a inconsequência da mente do adolescente, mas isso é muito chato de se falar, principalmente porque é um lugar comum, todo mundo já ouviu essa merda de papo. Por isso não vou falar disso não. Vou falar sobre uma epifania que eu tive ligada a isso recentemente.

Você já percebeu que está envelhecendo? É, olhe no espelho. Porra! antes nem isso você conseguia fazer, tinha que dar pulos e ficar na ponta dos pés pra ver seu próprio rosto (a não ser que você seja anão e ainda tenha que dar pulinhos), mas o ponto aqui é que mesmo você tendo percebido ou não que envelheceu eu percebi o meu envelhecimento! Pode ser que essa revelação não seja tão chocante pra você, talvez por incapacidade do jornalista (é, agora sou jornalista) que vos fala, talvez porque você num tá nem aí pra minha crise existencial e só veio aqui porque adora deixar comentários do tipo "ai, tá muito grande então eu nem li tá? te adoro mtoooo*! Bjuxx***" (OK eu não recebo comentários desse tipo, mas mesmo assim odeio quem faz isso), talvez porque embora você perceba que isso é algo sério, acha normal que aconteça comigo "ai o pedro tem umas coisas tão de velho né?". Enfim chega de pensar em você e vamos pensar um pouco em mim! O fato é que depois de eu ter visto que o tempo passa pra mim também comecei a ficar meio amedrontado, percebi que um dia ia ter quarenta anos, sessenta, oitenta, cem, cento e cinquenta(é sou que nem o Michael Jackson, quero viver até os 150). Comecei a pensar bastante em como nossas referências mudam ao longo da vida. Quando se é criança só se quer ter 10 anos "aí eu vou poder andar no banco da frente!", aos 10 se quer ter 14 "aí eu vou ser o cara mais velho do ginásio! 8ª série rules! (9º ano é o caralho)", aos 14 se quer ter 18 "aí eu vou poder beber e dirigir!"(olha a miséria...). Hoje não acho que tem tal coisa de idade ideal. Eu curti muito todas as minhas idades, assisti a desenhos e brinquei com meus bonecos, lego e playmobil a infância inteira. Joguei muito video-game, Magic (The Gathering) e bola na minha adolescência. E agora eu como muito Chicohamburguer, vejo filme, conheço cocotinhas. Mas a principal marca da minha vida foi o riso. Sempre gostei muito de rir e fazer rir. Tanto que hoje já percebo marcas de riso em meu rosto(é sério) e pra mim são provas de uma vida feliz.

Ainda outro aspecto que me veio à cabeça com essa revelação foi a questão do saudosismo. Dá saudades, mas eu felizmente percebo que aproveitei ao máximo tudo aquilo de que gostava. Acho que a sensação de saudades que leva ao sentimento falso de que não se aproveitou tudo. Talvez confundamos o sentimento de que tudo acabou com o de que não se viveu tal fase da vida.

Um último pensamento que me rodeia a cabeça é que essa percepção do envelhecimento me abriu os olhos para a pequena extensão que tem a vida. Eu tenho várias coisas que quero mudar em mim e fico pensando "tenho uma vida inteira para mudar" e dessa maneira faz 18 anos que tenho uma vida inteira pra mudar e não mudo. Na verdade esse era o ponto em que queria chegar: PERCEBA que ter uma vida inteira pra mudar não é nada, você tem o AGORA para mudar e nada mais. Eu sei que eu percebi, e isso já é um começo.

Motos nas calçadas, pedestres nas ruas

Outro dia estava à noite num dos muitos pontos de trânsito da cidade de São Paulo. Vi uma moto tentando cortar caminho usando a calçada como rota. Fiquei indignado. Será que eles não se tocam de que aquele local não é para eles? Claro que sim! É impossível não notarem! Então se eles notam e mesmo assim o fazem são uns grandes egoístas filhos da puta! Continuei desenvolvendo esse pesamento até chegar em casa.

Na manhã seguinte estava indo a pé ao Anglo e, como a quantidade de pedestres pelo caminho é alta, acabei saindo para a rua para cortar caminho... Na hora me senti um hipócrita ridículo. Logo depois percebi que o motoqueiro realmente poderia não ter se tocado do que estava fazendo, assim como eu naquele momento. Agora até posso imaginar os motoristas que passavam na Siqueria Campos pensavam, com sua razão, naquele momento "Será que esse moleque não se toca? Egoísta filho de uma puta!".

Acho que existe uma única diferença entre o que eu fiz e o que o motoqueiro fez. Única, porém bem grande. O motoqueiro ao ir para a calçada punha em risco a vida de pessoas que eventualmente estivessem nela. Ele poderia acertar alguém e ter que arcar com as consequências de sua irresponsabilidade e talvez até distração. Ao ir para rua, punha em risco minha vida e se algum motorista que estivesse passando pela rua, em seu pleno direito, poderia ter me acertado. O motorista teria que arcar com as consequências de uma irresponsabilidade minha, porque normalmente não se culpa o pedestre, por mais imprudentes que sejam, e são.

A verdade é que, por mais que não ocorram acidentes, é muito desagradável andar à calçada com motos nela. E o mesmo vale para pedestres na rua.

Banalizações

Outro dia pensei na emoção que contêm declarações do tipo "você não estava comigo fisicamente mas podia te sentir lá...", eu sei que o exemplo não é fácil mas acho que dá pra entender. Pois bem, estava pensando no fortíssimo significado que tem essa frase! E depois até me assustei quando me notei que demorei anos pra realmente pensar na força que deve ter um momento desses. Nunca tive um desse tipo, mas imagino que sentir que alguém esteja com você somente pelo "mundo emocional"(foi o melhor que consegui xD) deve ser algo MUITO forte, incomum e especial. Contudo esse elo raro entre duas pessoas foi banalizado, de tal maneira que vemos tanto em filmes e ouvimos tanto as pessoas falando "ai, durante a prova eu vou estar lá com você!" (OK exemplo totalmente pessoal...) que nos acostumamos com o que deveria ser muito mais "festejado". Ao sentirmos esse tipo de ligação com alguém deveria haver sirenes se acendendo, alarmes tocando, o Silvio Santos apareceria com uma mala com um milhão de reais em barras de ouro, que valem mais do que dinheiro.

Dizer "eu te amo" também caiu na banalização e apesar deste ser mais evidente muitos continuam banalizando-o. Acho que o grande problema do amor é sua indefinição, já que há os que digam que existe amor de amigo, de namorado(a), de família, de cachorro, etc. Mas eu digo que amor é amor, e é igual com todos, quando você ama, você ama, ou quando você começa a namorar uma amiga você muda seu amor de amigo para amor de namorado? Talvez o problema seja que confundimos amor com paixão, ou mesmo tesão, afinal não temos um indicador intermo que nos diga exatamente o que sentimos, o que pode até ser bom pra render alguns parágrafos pra certos escritores sem assunto...(hehe). Também entendo que o amor é o ápice da conexação entre duas pessoas, quando percebemos que amamos pessoas não conseguimos entender como vivemos sem tal pessoa durante todo esse tempo, e quando nos separamos e depois nos revemos sentimos tudo isso de novo. Pra mim o amor é isso, o sentimento de que uma pessoa completa e é essencial a nossa vida, por mais que ela não seja. Afinal nem tudo que sentimos é real...

Tendo o amor como algo tão único na minha vida me incomoda ver pessoas dizendo "eu te amo" a quem vê pela segunda vez, às vezes até na primeira. Mas acho que o grande problema de se banalizar o "eu te amo" é a falta de palavras pra quando se realmente amar alguém. Poderemos até dizer "eu te amo", mas será como dizer "obrigado"(se bem que há pessoas que dizem mais "eu te amo" do que "obrigado"). Talvez banalizar o amor não seja possível, já que sentimentos são pra se sentir, não pra se controlar, contudo podemos banalizar nossa maneira expressar nosso amor, causando uma angústia similar a uma falta de voz, temos as idéias, mas não as podemos expô-las, sentimos amor mas dizemos "obrigado".

Vai entender o ser humano...

Eufemismos

Eufemismo: palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável, mais grosseira ou mesmo tabuística.(Dicionário Houaiss da língua portuguesa Online)

Por que precisamos utilizar eufemismos? Ora porque há momentos em que precisamos "suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável", mas por que o ser humano gosta de ser enganado? É o que me parece, e não que seja algo ruim. Preferimos ouvir que uma pessoa de quem gostamos "passou dessa pra melhor" em vez de "morreu" e odiaríamos se alguém chegasse a nós e falasse "ah ele bateu as botas", acho que porque essa expressão já adquiriu uma conotação cômica.

Imagino que nossa necessidade por eufemismos não seja para nos enganarmos, vai além disso, ela evidencia a grande carga de poder e sentido que cada palavra carrega em cada contexto. Outro exemplo seria alguém por quem você é apaixonado lhe dizer que "dormiu" com alguém em vez de dizer que "fodeu", "comeu", "deu" e mais o infinito vocabulário que temos pra designar o sexo... Eu não sei quanto a vocês, mas eu prefiro a primeira. "Dormir" com alguém carrega um sentido de carinho e afeto muito maior do que "foder", que por sua vez é muito mais carnal e banal. Nesse sentido, e adicionando o contexto de ser alguém por quem somos apaixonados, somente um masoquista preferiria ouvir que tal pessoa fodeu com não-sei-quem(por mais que tenha sido uma "fodida", em vez de uma "dormida"). Pode ser então que o eufemismo sirva pra enganar(com o fim de proteção, mas nem sempre) o outro de uma maneira muito discreta, além da sua utilidade em "suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra, locução ou acepção menos agradável".

É engraçado que depois disso percebo que deveria começar a usar mais eufemismos em minha vida. A verdade é que eu já fui muito radical, "se algo tem que ser dito, que seja dito da maneira mais crua", mas quando se trata da linguagem não há maneira "crua", uma vez que há muita conotação e sentido em quase tudo que dizemos. Devemos então usar o eufemismo a nosso favor, pra conseguir dizer coisas sem ter dito e ao mesmo tempo deixarmos nossa mente limpa? Não que eu ache isso o mais ético, mas é possível...

Vícios

Vícios são no mínimo interessantes. Há os que adquirimos sem perceber, e até demoramos a notá-los, e os que adquirimos por querer. Há os inofensíveis, como querer sempre escovar os dentes antes de dormir(que nesse caso seria até saudável) e os danosos, como fumar(não preciso acrescentar nada).

Há princípio achei que os que adquirimos sem perceber fossem mais interessantes, mas depois conclui que a idéia de querer adquirir um vício é muito mais absurda. O que leva alguém a querer se viciar? Acho que o principal fator é porque a idéia de vício não é explícita. Ele vem aos poucos. Primeiro se experimenta e se gosta, aí a ação vai aumentando compulsivamente, ou se repetindo e quando se percebe já se está comendo uma caixa de chocolates, ou fumando um maço, ou dando um shot por dia, até mesmo não se dorme porque os dentes estão sujos.

- Mas ei, como eu ia saber, comi só um bombom/fumei só um cigarro/bebi só um gole/escovei os dentes só uma vez(ok, essa foi só pra dar graça).

Acho que é da essência do ser humano querer repetir ao máximo o que se gosta. Contudo encontro outro problema: as drogas. Sabe-se que são extremamente prejudiciais ao organismo humano, umas mais outras menos, e as pessoas mesmo assim as consomem até se viciarem. Sei que os motivos de se entrar nesse mundo são muitos, mas pegando apenas o grupo que entra nessa pra se divertir, o que se passa em suas cabeças?

- Meeeeeeeeeeeu, eu sei que faz mal, mas num vai dar nada pra mim, qualquer coisa eu paro, eu nunca vou me viciar! (isso amigo, você é imortal...)
- Meeeeeeeeeeeu, eu sei que faz mal, mas tá todo mundo usando!
- Meeeeeeeeeeeu (cri cri)...

Isso ocorre principalmente entre os jovens, que normalmente pensam em algumas dessas coisas antes de entrar nas drogas. O grande problema é a educação. Pegue seu filho um fim de semana e leve-o a uma clínica de reabilitação, peça pra que os internados lhes contem suas histórias, é necessário se chocar, porque todos sabemos que esse sentimento de imortal que o jovem tem é muito forte e não se abate facilmente.

Mas voltando ao assunto dos vícios, os supostos inofensíveis, é engraçado como não os notamos, como sistematizamos o começo de nosso dia, que é a parte mais programável dele mesmo, e fazemos sempre todas as mesmas coisas da mesma maneira e nos acostumamos a viver desse jeito, sem ao menos escolher. Por que fazemos isso? Praticidade? Diminuir o número de escolhas ao longo do dia? Essa última me parece mais plausível. Nos automatizamos com vícios ao longo do tempo pra simplificar a vida, diminuir o número de escolhas, podem pensar no trabalho antes mesmo de chegar nele. Arranjar mais tempo, talvez o bem mais precioso do homem da cidade(por mais clichê que possa ser). Tirar o tempo de ações previsíveis pra pensar no máximo de possibilidades das imprevisíveis, pra saber o que faremos e automatizar ainda mais o dia.

Será que nossa vida se resumiu a um monte de pensamentos atrás da nossa própria automatização, pra depois(quem sabe quando?) descansarmos?

Espero que não...

Ideais...

O lobo solitário é um grande conhecido do homem de princípios, também chamado de otário, tal ser na natureza nasce a todo momento, mas é muito frágil, é muito mais fácil andar em grupo. Pra crescer, se alimenta de orgulho e esperança. O problema é que o orgulho é facilmente ferido e muitas vezes só engana o estômago e a esperança, por mais que se diga, nem sempre é a última que morre. Mas essa é a vida do lobo de princípios, do homem solitário, manter-se erguido e caminhando por acreditar no que faz e no que pensa. Às vezes se encostar num grupo pra descansar, afinal o caminho é longo e todos têm suas recaídas, e depois seguir em frente na sua jornada até...

A mudança do mundo?
A aceitação dos novos tempos?(que são cada vez mais novos)
Mostrar ao mundo(ao mundo dele) que ele pensa e é diferente e isso não é nenhum cime, é real e pode ser bom?
_________________?

Acredito que sou um lobo solitário e que tive e terei recaídas, mas enquanto hover outros lobos, ou lobas, me apoiando sigo farejando e trilhando minha vida.